Um gago narrando um jogo de futebol. E outras anedotas.
Meu filho está bem, obrigado por perguntar
- Eu soube, Biel, que seu filho envolveu-se num acidente de carro.
- Não se preocupe, Beto. Ele está bem. Quebrou as duas pernas, um braço e só quatro costelas.
- E você diz que ele está bem!?
- E não 'tá, não?! Um braço dele 'tá inteiro. E vinte e nove costelas dele não sofreram nenhum arranhão.
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O neto petulante e o avô espirituoso.
Petulante, o garoto abordou seu avô, que, entendia ele, era um velho gagá, e, prelibando do constrangimento que, acreditava, lhe iria impor, perguntou-lhe:
- Vovô, o senhor tem juízo?
E respondeu-lhe o avô:
- Não. Eu já transferi todos os meus bens ao seu pai, que os perdeu antes de você nascer.
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Abordou-me, hoje, à Praça Monsenhor Marcondes, um chinês, que me falou, e me falou, e me falou, e me falou... E eu nada entendi do que ele me disse, pois, para mim, chinês é grego.
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João Furtado era um homem tão forte que certa vez desceu um porrete, com tanta força, na cabeça do Crispim do Açougue que lhe empurrou os miolos para o dedão do pé.
Um dia, meus queridos leitores, a vocês eu contarei tal história com todos os seus pormenores e pormaiores.
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A salamandra vesga
Você quer viver feliz todos os dias que a você restam de vida? Quer!? Então, nunca mais pense na salamandra vesga.
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Os homens são superiores às mulheres. Ou: Discussão entre pai e filha. Ou ainda: Machismo versus feminismo.
O pai: "Os homens são melhores do que as mulheres."
A filha: "Deixe de bobagem."
O pai: "Não é bobagem. E eu digo, certo de que o que eu digo é certo: as mulheres são insensatas; os homens, sensatos."
A filha: "Vou fingir que acredito."
O pai: "E provo a certeza do que digo."
A filha: "Prove, então."
O pai: "Eu, um homem, portanto ser humano sensato por natureza, casei-me com sua mãe; e sua mãe, uma mulher, portanto por natureza ser humano insensato, casou-se comigo."
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Eu não esqueci.
Assim que Roberto regressou, da casa de sua sogra, à sua casa, sua esposa, Ludmila, perguntou:
- Roberto, você trouxe os chinelos dos meninos e a jarra da Camila?
- Não.
- Não!? Mas, Roberto, eu pedi para você me trazer os chinelos e a jarra.
- Eu sei.
- Sabe!? E por que você não os trouxe?! Esqueceu?
- Não esqueci.
- Então, por que você não os trouxe?
- Eu não me lembrei de trazê-los.
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Siga as orientações médicas, sempre.
Foi numa segunda-feira.
Sentindo fortes dores no peito, e temendo vir a falecer de um ataque cardíaco fulminante, João Carlos, inveterado banqueteador, amante do prato a transbordar carne mal-passada e gordurosa, e de lasanha e de pizza, foi ao doutor Paulo Correia, médico cardiologista, consultá-lo. Inteirou-o das dores que havia sofrido e de seus hábitos alimentares, e dele ouviu:
- Senhor João Carlos, evite comidas pesadas, e garanta uma vida saudável.
- Sim, doutor.
E encerrou-se a consulta.
Uma semana depois, regressou João Carlos ao consultório do doutor Paulo Correia, e queixou-se de fortes dores no peito, tais quais as que sentira uma semana antes.
- O que o senhor comeu, recentemente? - perguntou-lhe o doutor Paulo Correia.
- Sábado, uma pizza e lasanha; e, ontem, domingo, enquanto assistíamos meus irmãos, uns parentes, alguns amigos-do-peito e eu, na casa do Vincenzo, meu vizinho da direita, ao jogo do Curíntia, churrasco e lasanha...
- Senhor João Carlos, eu disse ao senhor que evitasse comidas pesadas - interrompeu-o o doutor Paulo Correia.
- Eu me lembro, doutor. E respeitando as suas orientações, comi, sábado, só uma pizza, de um quilo, se muito, e, ontem, na casa do Vincenzo, um quilo e meio, talvez dois, de churrasco. Comida leve, doutor. Um quilo, sábado, e dois quilos, domingo. Um quilo e dois quilos não pesam no estômago.
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- Você está barrigudinho. Precisa perder essa barriguinha - comentou, zombeteiro, o nota de rodapé a reboque de uma tromba de elefante.
- E onde eu deixarei o meu estômago!? - indagou-lhe o alvo da zombaria, indiferente.
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A invenção maravilhosa.
- Eu inventei um aparelho, mas não sei para o que ele serve.
- Você já o usou para abrir gavetas?
- Já. Mas não consegui abri-las.
- Você já o usou para derreter gelos?
- Já. Mas não consegui derretê-los.
- Você já o usou para descascar cebolas?
- Já. Mas não consegui descascá-las.
- Você já o usou para quebrar tijolos?
- Já. Mas não consegui quebrá-los.
- Você já o usou para produzir bolhas de sabão?
- Já. Mas não consegui produzi-las.
- Você já o usou para arrancar dentes?
- Já. Mas não consegui arrancá-los.
- Você já o usou para abrir portas de carros?
- Já. Mas não consegui abri-las.
- Para o que serve o aparelho que você inventou, afinal?!
- É o que eu quero descobrir.
- Tenho de ir ao médico. Amanhã, retomaremos a nossa conversa, e conversaremos até sabermos que fim dar à sua invenção.
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História com Final Feliz.
- Vou contar para você uma história com final feliz: Hoje cedo, morreram, na Avenida Pedro Álvares, quatorze pessoas.
- Final feliz! E essa história tem final feliz?!
- Tem. É claro que tem. Eu sou o dono da agência funerária.
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Interessante diálogo ocorrido numa farmácia.
João foi à farmácia comprar remédios para seu pai, acamado há dois dias. Esperou, na fila, para ser atendido, se muito, cinco minutos. Atendeu-o uma graciosa morena de olhos amendoados, sorridente. Enquanto verificava, na tela do computador, o preço de um dos três remédios listados na receita, que João lhe entregara, aviada pelo médico, ela lhe perguntou: "Convênio?"; e João, inexpressivo, respondeu-lhe: "Sem vênio". E ela exibiu um lindo sorriso de dentes brancos, brilhantes, que muito o agradou. Não havia se passado um minuto, ela perguntou para João: "Quem é Jeremias?", referindo-se ao nome registrado na receita médica. Ele respondeu-lhe: "É o meu pai". E ela deu sequência à conversa: "Qual é a doença dele?". E João, no mesmo tom inalterado, inexpressivo, satisfez-lhe a curiosidade: "Velhice". A resposta lacônica inspirou sorriso contido à morena que o atendia. Ela fitou-o, sem saber o que pensar; e se se soltava a gargalhada que segurava consigo a muito custo preservando-se de constrangimento. E João logo completou: "E não tem cura". A graciosa morena passeou o seu delicado dedo indicador direito no narizinho arrebitado que lhe adornava o belo rosto, exibiu um olhar que refletia o seu estado de ânimo, divertido, achando graça do que João lhe dissera e da postura dele, reservada, o rosto dele sem confessar o que lhe ia no íntimo. Mal sabia ela que atrás do rosto impassível de João ocultava-se um outro rosto, que expressava o espírito jocoso, cômico, dele, rosto que estava a gargalhar gostosamente, divertindo-se com o embaraço e a confusão que ela exibia.
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Piolhos-de-cobra.
Estou apavorado. Nas duas últimas horas, encontrei, na minha casa, cinco pequenos animais dotados de não sei quantas pernas: piolhos-de-cobra. Piolhos-de-cobra! E cinco. Encontrei cinco piolhos-de-cobra! Cinco! E tratei, o mais rapidamente possível de arremessá-los para fora da minha casa. Estou apavorado, muito, muito apavorado. Eu ainda não achei a cobra de cuja cabeça aqueles cinco parentes da centopéia caíram. E se for a cobra uma sucuri!?
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Os dois patos.
O que acontece quando dois patos se encontram?
Os dois patos ficam empatados.
Sei que a piada não tem graça, mas tive de contá-la. Não resisti.
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Um gago narrando um jogo de futebol.
Começa o jogo:
"O... o... o... ár... o... o ár... ár... árbi... árbi... árbi...bi... bi... árbi... árbi... bi... bi... tro... tro... bitro... ár... bi... tro... tro... a... a... api... api... pi... pi... api... api... ta... ta... pita... api... ta... ta... o... o... a... pi... api... ta... o... o... o... apita... o... o... fim do jogo.