Presépio (Contos de Aprendiz) - de Carlos Drummond de Andrade.
sergiormdasilva.substack.com
Neste conto singelo, o poético, sempre poético, visceralmente poético, naturalmente poético, espiritualmente poético Carlos Drummond de Andrade conta uma cena da vida da atarefada, responsável, prendada, caprichosa Dasdores, esta às voltas, na véspera de um Natal, com a arte de confecção de presépios - que uma sua tia lhe havia ensinado, tia agora morta -, responsabilidade que assumia com amor e paixão, amor espiritual, amor pelo Menino Jesus. Neste dia, todavia, Dasdores, um tanto quanto confusa, o seu espírito cá e lá, ocupava-se com o presépio, e fugiam-lhe seus pensamentos para um sobrado situado em outro prédio, onde residia Abelardo, seu namorado. Seus pensamentos iam e vinham, confundiam-se. Queria Dasdores satisfazer seus dois sentimentos conflitantes, o que dedicava ao sagrado e o que ocupava com o profano. Transtornava-se: Via no Menino Jesus o Filho de Deus, ou o Abelardo?! E o relógio a atormentá-la: "Agarra-me! Agarra-me!" Não lhe dava um segundo de descanso, para respirar, para recuperar fôlego. Não lhe dava tréguas.
Presépio (Contos de Aprendiz) - de Carlos Drummond de Andrade.
Presépio (Contos de Aprendiz) - de Carlos…
Presépio (Contos de Aprendiz) - de Carlos Drummond de Andrade.
Neste conto singelo, o poético, sempre poético, visceralmente poético, naturalmente poético, espiritualmente poético Carlos Drummond de Andrade conta uma cena da vida da atarefada, responsável, prendada, caprichosa Dasdores, esta às voltas, na véspera de um Natal, com a arte de confecção de presépios - que uma sua tia lhe havia ensinado, tia agora morta -, responsabilidade que assumia com amor e paixão, amor espiritual, amor pelo Menino Jesus. Neste dia, todavia, Dasdores, um tanto quanto confusa, o seu espírito cá e lá, ocupava-se com o presépio, e fugiam-lhe seus pensamentos para um sobrado situado em outro prédio, onde residia Abelardo, seu namorado. Seus pensamentos iam e vinham, confundiam-se. Queria Dasdores satisfazer seus dois sentimentos conflitantes, o que dedicava ao sagrado e o que ocupava com o profano. Transtornava-se: Via no Menino Jesus o Filho de Deus, ou o Abelardo?! E o relógio a atormentá-la: "Agarra-me! Agarra-me!" Não lhe dava um segundo de descanso, para respirar, para recuperar fôlego. Não lhe dava tréguas.